sexta-feira, 27 de julho de 2012

Resolvi enfiar o pé na jaca e solicitei a mudança do meu curso. Letras definitivamente não tem nada a ver comigo, só de olhar para o material eu já fico irritada. Pedi a mudança para Serviço Social e acho que esse sim se aproxima muito mais do que sou e do que gosto de fazer. Mas o post de hoje não é pra falar das minhas mazelas acadêmicas... é pra comentar um pouco mais sobre um assunto que trato com alguma insistência: testes em animais. Aí você pensa: “Lá vem ela com esse papo ecochato mais uma vez...” e eu esclareço: a minha intenção aqui não é converter ninguém a nada, só mostrar fatos que possam levá-lo à reflexão – no final das contas, você poderá tirar as suas próprias conclusões e seguir a sua vida com os hábitos que julgar melhor... só peço alguns minutos da sua atenção.
Por algum motivo eu não consigo habilitar os comentários no blog, mas quem quiser comentar pode fazê-lo na minha página do FB!
Quando falamos no uso de animais em testes nos deparamos com dois termos os quais vou esclarecer para o melhor entendimento do que estamos falando: Vivissecção e  testes em animais. Por vivissecção entende-se a dissecação de animais vivos para estudo. Já por testes em animais entendemos todo e qualquer experimento com animais cuja  finalidade é a obtenção de um resultado seja de comportamento, medicamento, cosmético ou ação de substâncias químicas em geral. Geralmente os experimentos são realizados sem anestésicos, podendo ou não envolver o ato da vivissecção.
Eu não vou entrar aqui em todos os méritos da questão porque acho que é muita informação ao mesmo tempo e esse assunto já é polêmico o suficiente. Então vamos focar em algo que a maioria das mulheres adora: maquiagem.
Aí você me pergunta: “Mas como um teste de batom, creme ou similar pode ser prejudicial a um animal?”
A cada novo produto lançado, seus componentes químicos são exaustivamente testados em animais para levantar os danos em caso de ingestão, superdosagem, sensibilidade aos componentes, enfim tudo aquilo que mostraria que aquele produto pode ser consumido com segurança. A questão aqui é: hj já é comprovado cientificamente que testes em animais são desnecessários, levando em alguns casos à conclusões equivocadas considerando as diferenças entre animais não humanos e animais humanos. Hoje dispomos de tecnologia para realizar os mesmo testes sem o uso de animais, mas então porquê continuam a usá-los? A resposta é simples como sempre: dinheiro. Cobaias são mais baratas.
Mais uma vez para que fique bem claro: já existem inúmeros métodos substitutivos eficientes e eficazes que podem e já estão sendo usados nessa área. Isso sem falar dos modernos processos de análise genômica e sistemas biológicos in vitro, que vêm sendo muito bem utilizados por pesquisadores brasileiros. Sem falar que culturas de tecidos, provenientes de biópsia, cordões umbilicais ou placentas descartadas, dispensam o uso de animais. Vacinas também podem ser fabricadas a partir da cultura de células do próprio homem.
Nem mesmo a utilização de animais na área médico-científica é justificável, uma vez que já se sabe que a utilização de animais em pesquisas é um retrocesso, um atraso na evolução científica, além de ser um grande desperdício de dinheiro público.
Quando um medicamento chega ao mercado, são os consumidores as primeiras cobaias de fato, independentemente da quantidade de testes conduzida previamente em animais. Somente os humanos podem exibir efeitos desejáveis ou colaterais na espécie para qualquer substância testada. A indústria vivisseccionista não apenas coloca em risco nossas vidas como impede que outras vidas sejam salvas.
E no que consistem esses testes? Vou colocar alguns exemplos dos testes mais comuns, principalmente na indústria de cosméticos e produtos de limpeza:
Teste de Irritação dos Olhos: É utilizado para medir a ação nociva dos ingredientes químicos encontrados em produtos de limpeza e em cosméticos. Os produtos são aplicados diretamente nos olhos dos animais conscientes. Os coelhos são os animais mais utilizados nos testes Draize, pois são baratos e fáceis de manusear. Seus olhos grandes facilitam a observação dos resultados. Para prevenir a que arranquem seus próprios olhos (auto-mutilação), os animais são imobilizados em suportes, de onde somente as suas cabeças se projetam. É comum que seus olhos sejam mantidos abertos permanentemente através de clips de metal que seguram suas pálpebras. Durante o período do teste, os animais sofrem de dor extrema, uma vez, que não são anestesiados. Embora 72 horas geralmente sejam suficientes para a obtenção de resultado, a prova pode durar até 18 dias. Muitas vezes, usam-se os dois olhos de um mesmo coelho para diminuir custos. As reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris, úlceras, hemorragias ou mesmo cegueira. No final do teste os animais são mortos para averiguar os efeitos internos das substâncias experimentadas. No entanto, os olhos de coelho são um modelo pobre para olhos humanos - a espessura, estrutura de tecido e bioquímica das córneas do coelho e do humano são diferentes.
Teste Draize de Irritação Dermal: Consiste em imobilizar o animal enquanto substâncias são aplicadas em peles raspadas e feridas (fita adesiva é pressionada firmemente na pele do animal e arrancada violentamente; repete-se esse processo até que surjam camadas de carne viva). Substâncias aplicadas à pele tosada do animal. Observam-se sinais de enrijecimento cutâneo, úlceras, edema etc..

Teste LD 50: Abreviatura do termo inglês Lethal Dose 50 Perercent (dose letal 50%). Criado em 1920, o teste serve para medir a toxicidade de certos ingredientes. Cada teste LD 50 é conduzido por alguns dias e utiliza 200 ou mais animais. A prova consiste em forçar um animal a ingerir uma determinada quantidade de substância, através de sonda gástrica. Isso muitas vezes produz a morte por perfuração. Os efeitos observados incluem dores angustiantes, convulsões, diarréia, dispnéia, emagrecimento, postura anormal, epistaxe, supuração, sangramento nos olhos e boca, lesões pulmonares, renais e hepáticas, coma e morte. Continua-se a administrar o produto, até que 50% do grupo experimental morra. A substância também pode ser administrada por via subcutânea, intravenosa, intraperitoneal, misturada à comida, por inalação, via retal ou vaginal. As cobaias utilizadas incluem ratos, coelhos, gatos, cachorros, cabras e macacos. No fim do teste, os animais que sobrevivem são sacrificados. Anualmente, cerca de 4 a 5 milhões de animais nos EUA são obrigados a inalar e a ingerir (por tubo inserido na garganta) loções para o corpo, pasta dental, amaciantes de roupa e outras substâncias potencialmente tóxicas. Mesmo quando o LD 50 é usado para testar substâncias claramente seguras, é praxe buscar a concentração que forçará a metade dos animais à morte. Assim os animais têm de ser expostos a exorbitantes quantidades da substâncias proporcionalmente impossíveis de serem ingeridas acidentalmente por um ser humano. Este teste não se constitui em método científico confiável, haja vista que os resultados são afetados pela espécie, idade, sexo dos animais, bem como as condições de alojamento, temperatura, hora do dia, época do ano e o método de administração da substância. Um prognóstico seguro da dose letal para os humanos é impossível de ser detectado através dos animais.
Testes de Toxidade Alcoólica e Tabaco: Animais são obrigados a inalar fumaça e se embriagar, para que depois serem dissecados, a fim de estudar os efeitos de suas substâncias no organismo. Mesmo sabendo que tais efeitos já são mais do que conhecidos.


... os testes não param por aí. Infelizmente animais são usados nos mais diferentes tipos de experimentos tais como: comportamento e aprendizado, testes armamentistas, de colisão, pesquisas dentárias, dissecação, entre outros. Deixarei um link para que possam se informar mais a respeito.

Isso tudo é parte do que nós, humanos, temos feito com os nossos irmãos animais e em nome do que: um batom, um xampu?
Felizmente, em vários lugares do mundo medidas já estão sendo tomadas:
Várias diretrizes da União Européia foram firmadas com o propósito de abolir os testes com animais, dentre eles o terrível DL 50. Trata-se, portanto, de uma tendência mundial, em que a preocupação com o bem-estar dos animais de laboratório provoca discussões éticas no meio acadêmico e científico. Na Europa muitas faculdades de medicina não utilizam mais animais, nem mesmo nas matérias práticas como técnica cirúrgica e cirurgia, oferecendo substitutivos em todos os setores.
Na Inglaterra e Alemanha, a utilização de animais na educação médica foi abolida. Sendo que na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) é contra a lei estudantes de medicina praticarem cirurgia em animais. Note-se que os médicos britânicos são comprovadamente tão competentes quanto quaisquer outros.
A produção de anticorpos monoclonais por meio de animais foi banida na Suíça, Holanda, Alemanha, Inglaterra e Suécia.
Na Itália, entre 2000 e 2001 mais de um terço das universidades abandonaram a utilização de animais para fins didáticos. A Província de Sul de Tirol, Itália, proibiu a experimentação em animais ao longo de seu território.
Nos EUA, mais de 100 faculdades de Medicina (70%) não utilizam animais vivos nas aulas práticas. As principais instituições de ensino da Medicina, como a Harvard, Stanford e Yale julgam os laboratórios com animais vivos desnecessários para o treinamento médico.
A abolição total dos testes em animais depende única e exclusivamente de nós consumidores. Hoje, com as informações disponíveis, podemos escolher entre produtos testados e não testados em animais. Nós devemos pressionar e exigir o fim da utilização de animais pelas empresas que ainda insistem em utilizar esse método retrógrado, ineficiente e cruel. Mas, mais importante ainda, é fazer com que as indústrias saibam do nosso descontentamento com seus métodos de pesquisa. Não adianta parar de usar um produto sem comunicar a empresa sobre as razões que motivaram essa decisão. Como consumidores, devemos exigir que nossas dúvidas sejam devidamente sanadas, uma vez que toda e qualquer empresa tem o dever de nos informar sobre o produto que estão vendendo, desde a matéria prima, fabricação, até os testes.
Temos hoje no mercardo diversas empresas, nacionais e internacionais, que não testam seus produtos em animais oferecendo produtos de qualidade, livres de crueldade. Infelizmente alguns países anda exigem que todo e qualquer produto comercializado em seu território seja previamente testado em animais, como maior exemplo disso temos a China. Empresas que até então mantinham uma postura contra testes acabaram abrindo exceções para poder suprir o mercado chinês, como é o caso da AVON. Em nota, a empresa que sempre defendeu a postura contra testes diz que pra suprir a demanda de alguns países como a China se viu “obrigada” a obedecer aos critérios exigidos nesses países. A maior prova de que nós consumidores temos sim o poder de mudar o que achamos necessário foi o caso recente da L’Óccitane. A empresa foi retirada da lista da PETA de empresas que não testam por suspeita de estarem testando  para suprir o mercado japonês. Nós, consumidores ativistas imediatamente levantamos a bandeira do boicote e a empresa não demorou mais do que 48h para dar o retorno publicamente do que está acontecendo. Eu mesma recebi um e-mail de explicação. É isso que nos queremos: transparência e comprometimento. Já provamos ser possível o uso de outros métodos, já provamos que temos força para obrigar o mercado a mudar sua postura sobre o assunto.
Mudar de hábito nunca é fácil, requer comprometimento, força de vontade... mas saber que você está usando um produto que não envolveu o sofrimento de um ser vivo vale todo o esforço. A parte mais difícil que é investigar já está feita, pronta, mastigada. As listas são frequentemente atualizadas  e em caso de dúvida, nós podemos fazer a nossa parte, questionando as empresas sempre que acharmos necessário. Você não precisa jogar tudo o que tem nos armários fora, mas pode começar a substituir aos poucos o que consome. Em terrritório nacional temos marcas excelentes como Natura, O Boticário, Água de cheiro, Contém 1g, Surya, Embelleze, Impala e tantas outras que não testam os seus produtos. Algumas como a Surya e a Multi Vegetal, além de não testarem seus produtos são totalmente vegans ou seja, não usam nenhum ingrediente de origem animail em suas fórmulas. Eu sou fiel consumidora da Multi Vegetal e posso dizer que os produtos são fantásticos: cruelty free, livre de corantes e derivados de petróleo. Sobre as internacionais, temos Body Shop, Payot... não vou lembrar de todas que conheço, mas claro que deixarei os links para as listas. A Body Shop, que infelizmente não deu certo no Brasil, não só é cruelty free, como faz campanhas em suas lojas contra os testes. Sem falar nas embalagens refil que vc pode retornar pra loja... muito bom! Dá pra fazer a mesma coisa com os produtos de limpeza... existem várias marcas disponíveis no mercado que não testam, como a ATOL , por exemplo. Sem dizer que existem várias receitinhas caseiras, fáceis de fazer e que não agridem o meio ambiente. =)
Se vc chegou até o final desse post eu espero sinceramente que ele tenha sido útil para a sua informação. Nós temos o tal livre arbítrio para fazermos o que bem entendermos, mas sem informação isso não é válido. Agora que você sabe qual é o caminho que aquele seu xampu da L’oreal percorreu até chegar ao seu banheiro, quando ele acabar e você estiver no mercado, talvez você se lembre desse post e de tudo o que você leu aqui e opte por uma outra marca... talvez não... mas estará consciente das suas escolhas e era esse o objetivo!
Deixarei vários links para pesquisa e é claro, estou sempre à disposição para qualquer dúvida, esclarecimento ou ajuda. Lembrem-se: os animais estão aqui para os seus próprios propósitos e não para nos servir e como diria Gandhi: “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.”
Pequenos atos fazem sim a diferença! =)
Go cruelty free!

Link para a lista de empresas cruelty free nacionais:


internacionais: (procurar pelo nome da empresa)







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