sábado, 11 de agosto de 2012

Amanhã domingão é dia dos pais e o meu post de hoje é justamente sobre o meu! =)
Siiim, esse senhor da foto é o responsável por essa que vos escreve... pelo menos pela metade! ;)
Meu pai é natural de uma pequena cidade em MG. Quando pequeno deixou a cidadezinha e a família para trás, rumo à SP em busca de uma vida melhor. Meu pai é uma pessoa simples, de pouco estudo, mas extremamente perseverante. Já em SP trabalhou em muitas coisas, desde plantações no interior de SP até chegar na indústria metalúrgica onde se aposentou. Já adulto, entrou como ajudante em uma pequena fábrica de peças para automóveis, acompanhou todo o crescimento da mesma e através de seu empenho e dedicação alcançou a posição de especialista em sua área e atingiu um dos cargos mais importantes lá dentro. Acima de qualquer coisa conquistou o respeito de todos pelo conhecimento que tinha. Casou-se 3 vezes. Hoje, de volta à pequena cidade no interior de MG onde nasceu e onde estão seus familiares, vive uma vida sossegada ao lado da terceira esposa, minha BOAdrasta.
Meu pai me ensinou muitas coisas, valores que moldam o que sou hoje e o caminho pelo qual quero seguir. Tivemos muitas divergências, ficamos anos sem nos falar, demorou um tempo para digerirmos desentendimentos, mas conseguimos... felizmente conseguimos!
O Sr. Benjamim hoje está com 83 anos e me surpreende sempre com a sua disposição e vontade de viver. Não se cansa de contar as nossas histórias para os irmãos, sobrinhos e sobrinhas e enteados, nem a Vera escapa, já deve ter ouvido as mesmas histórias centenas de vezes, mas com a calma e serenidade que jamais vi em ser algum, faz cada história ouvida parecer uma grande novidade.
A opinião e aprovação do meu pai sempre foram importantes pra mim, então quando eu o vejo falando sobre mim com aquele orgulho de pai, mesmo sendo os fatos tão insignificantes, eu me sinto a pessoa mais especial do mundo!
Assim que voltei do Japão e fui visitá-lo depois de anos, lhe dei um grande desgosto: "Não pai, eu não como mais churrasco...", "Não pai, esse peixe aí eu tb não como!", mas aí entra a parte que realmente é o máximo: meu pai é uma dessas pessoas a quem consideramos onívoros pelo simples fato de comer arroz, feijão e mandioca, porque tirando isso o véio não come nada que não seja carne e queijo! Absolutamente nada! Pra fazê-lo comer uma rodelinha de cenoura cozida que seja tem que ser na chantagem! Ele é proibido pelo médico de comer carne todos os dias, especialmente as que ele gosta que são cheias de gordura e sal, mas quem disse! E apesar disso tudo, ele não perde uma única oportunidade de anunciar: "Minha filha é vegetariana! Não come nenhum tipo de carne porque ela tem uma filosofia de vida diferente... desde pequena sempre defendeu os animais, sempre foi protetora da natureza..." e aí vêm as 300 histórias da minha vida, incluindo aquela onde aos 5 anos tentei golpea-lo com a minha micro enxadinha ao vê-lo cortando uma árvore. Como podem ver, já naquela época eu apoiava a ação direta! hahahaha
Engraçado como meu pai aos 83 anos conseguiu entender algo que é tão difícil para as outras pessoas entenderem e acima de qualquer opinião, ele consegue respeitar as diferenças.
Aos 83 anos, ele é muito mais lúcido do que muitos "jovens" que conheço... quando lhe contei sobre uma conversa que eu havia escutado dentro do ônibus a caminho de lá, entre duas senhoras e uma completamente revoltada pelo fato da filha ser homossexual e ter adotado uma criança, a qual ela se referia como "aquilo lá", mais uma vez me surpreendi com a posição daquele senhor de cidade pequena, mas que tem uma visão de mundo de um homem culto e viajado. Fico feliz por ser filha de um homem que não ficou preso a valores mesquinhos e que ao longo desses 83 anos tem tentado ser sempre uma pessoa melhor.
A última lição que aprendi com ele e talvez a mais importante até aqui é de que não vale a pena se privar da companhia daqueles que amamos por orgulho, recentimentos ou questões mal resolvidas, quem mais perde no final somos nós mesmos! Espero tê-lo comigo por muuuito tempo ainda para aprender ainda mais!
Fica aqui a minha pequena homenagem a esse homem incrível a quem eu tenho a sorte e o orgulho de chamar de pai!
A todos os pais eu desejo muito amor e harmonia junto aos seus filhos e filhas, não só nesse domingo, mas por toda a vida! ♥ Feliz dia dos pais! ♥

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Resolvi enfiar o pé na jaca e solicitei a mudança do meu curso. Letras definitivamente não tem nada a ver comigo, só de olhar para o material eu já fico irritada. Pedi a mudança para Serviço Social e acho que esse sim se aproxima muito mais do que sou e do que gosto de fazer. Mas o post de hoje não é pra falar das minhas mazelas acadêmicas... é pra comentar um pouco mais sobre um assunto que trato com alguma insistência: testes em animais. Aí você pensa: “Lá vem ela com esse papo ecochato mais uma vez...” e eu esclareço: a minha intenção aqui não é converter ninguém a nada, só mostrar fatos que possam levá-lo à reflexão – no final das contas, você poderá tirar as suas próprias conclusões e seguir a sua vida com os hábitos que julgar melhor... só peço alguns minutos da sua atenção.
Por algum motivo eu não consigo habilitar os comentários no blog, mas quem quiser comentar pode fazê-lo na minha página do FB!
Quando falamos no uso de animais em testes nos deparamos com dois termos os quais vou esclarecer para o melhor entendimento do que estamos falando: Vivissecção e  testes em animais. Por vivissecção entende-se a dissecação de animais vivos para estudo. Já por testes em animais entendemos todo e qualquer experimento com animais cuja  finalidade é a obtenção de um resultado seja de comportamento, medicamento, cosmético ou ação de substâncias químicas em geral. Geralmente os experimentos são realizados sem anestésicos, podendo ou não envolver o ato da vivissecção.
Eu não vou entrar aqui em todos os méritos da questão porque acho que é muita informação ao mesmo tempo e esse assunto já é polêmico o suficiente. Então vamos focar em algo que a maioria das mulheres adora: maquiagem.
Aí você me pergunta: “Mas como um teste de batom, creme ou similar pode ser prejudicial a um animal?”
A cada novo produto lançado, seus componentes químicos são exaustivamente testados em animais para levantar os danos em caso de ingestão, superdosagem, sensibilidade aos componentes, enfim tudo aquilo que mostraria que aquele produto pode ser consumido com segurança. A questão aqui é: hj já é comprovado cientificamente que testes em animais são desnecessários, levando em alguns casos à conclusões equivocadas considerando as diferenças entre animais não humanos e animais humanos. Hoje dispomos de tecnologia para realizar os mesmo testes sem o uso de animais, mas então porquê continuam a usá-los? A resposta é simples como sempre: dinheiro. Cobaias são mais baratas.
Mais uma vez para que fique bem claro: já existem inúmeros métodos substitutivos eficientes e eficazes que podem e já estão sendo usados nessa área. Isso sem falar dos modernos processos de análise genômica e sistemas biológicos in vitro, que vêm sendo muito bem utilizados por pesquisadores brasileiros. Sem falar que culturas de tecidos, provenientes de biópsia, cordões umbilicais ou placentas descartadas, dispensam o uso de animais. Vacinas também podem ser fabricadas a partir da cultura de células do próprio homem.
Nem mesmo a utilização de animais na área médico-científica é justificável, uma vez que já se sabe que a utilização de animais em pesquisas é um retrocesso, um atraso na evolução científica, além de ser um grande desperdício de dinheiro público.
Quando um medicamento chega ao mercado, são os consumidores as primeiras cobaias de fato, independentemente da quantidade de testes conduzida previamente em animais. Somente os humanos podem exibir efeitos desejáveis ou colaterais na espécie para qualquer substância testada. A indústria vivisseccionista não apenas coloca em risco nossas vidas como impede que outras vidas sejam salvas.
E no que consistem esses testes? Vou colocar alguns exemplos dos testes mais comuns, principalmente na indústria de cosméticos e produtos de limpeza:
Teste de Irritação dos Olhos: É utilizado para medir a ação nociva dos ingredientes químicos encontrados em produtos de limpeza e em cosméticos. Os produtos são aplicados diretamente nos olhos dos animais conscientes. Os coelhos são os animais mais utilizados nos testes Draize, pois são baratos e fáceis de manusear. Seus olhos grandes facilitam a observação dos resultados. Para prevenir a que arranquem seus próprios olhos (auto-mutilação), os animais são imobilizados em suportes, de onde somente as suas cabeças se projetam. É comum que seus olhos sejam mantidos abertos permanentemente através de clips de metal que seguram suas pálpebras. Durante o período do teste, os animais sofrem de dor extrema, uma vez, que não são anestesiados. Embora 72 horas geralmente sejam suficientes para a obtenção de resultado, a prova pode durar até 18 dias. Muitas vezes, usam-se os dois olhos de um mesmo coelho para diminuir custos. As reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris, úlceras, hemorragias ou mesmo cegueira. No final do teste os animais são mortos para averiguar os efeitos internos das substâncias experimentadas. No entanto, os olhos de coelho são um modelo pobre para olhos humanos - a espessura, estrutura de tecido e bioquímica das córneas do coelho e do humano são diferentes.
Teste Draize de Irritação Dermal: Consiste em imobilizar o animal enquanto substâncias são aplicadas em peles raspadas e feridas (fita adesiva é pressionada firmemente na pele do animal e arrancada violentamente; repete-se esse processo até que surjam camadas de carne viva). Substâncias aplicadas à pele tosada do animal. Observam-se sinais de enrijecimento cutâneo, úlceras, edema etc..

Teste LD 50: Abreviatura do termo inglês Lethal Dose 50 Perercent (dose letal 50%). Criado em 1920, o teste serve para medir a toxicidade de certos ingredientes. Cada teste LD 50 é conduzido por alguns dias e utiliza 200 ou mais animais. A prova consiste em forçar um animal a ingerir uma determinada quantidade de substância, através de sonda gástrica. Isso muitas vezes produz a morte por perfuração. Os efeitos observados incluem dores angustiantes, convulsões, diarréia, dispnéia, emagrecimento, postura anormal, epistaxe, supuração, sangramento nos olhos e boca, lesões pulmonares, renais e hepáticas, coma e morte. Continua-se a administrar o produto, até que 50% do grupo experimental morra. A substância também pode ser administrada por via subcutânea, intravenosa, intraperitoneal, misturada à comida, por inalação, via retal ou vaginal. As cobaias utilizadas incluem ratos, coelhos, gatos, cachorros, cabras e macacos. No fim do teste, os animais que sobrevivem são sacrificados. Anualmente, cerca de 4 a 5 milhões de animais nos EUA são obrigados a inalar e a ingerir (por tubo inserido na garganta) loções para o corpo, pasta dental, amaciantes de roupa e outras substâncias potencialmente tóxicas. Mesmo quando o LD 50 é usado para testar substâncias claramente seguras, é praxe buscar a concentração que forçará a metade dos animais à morte. Assim os animais têm de ser expostos a exorbitantes quantidades da substâncias proporcionalmente impossíveis de serem ingeridas acidentalmente por um ser humano. Este teste não se constitui em método científico confiável, haja vista que os resultados são afetados pela espécie, idade, sexo dos animais, bem como as condições de alojamento, temperatura, hora do dia, época do ano e o método de administração da substância. Um prognóstico seguro da dose letal para os humanos é impossível de ser detectado através dos animais.
Testes de Toxidade Alcoólica e Tabaco: Animais são obrigados a inalar fumaça e se embriagar, para que depois serem dissecados, a fim de estudar os efeitos de suas substâncias no organismo. Mesmo sabendo que tais efeitos já são mais do que conhecidos.


... os testes não param por aí. Infelizmente animais são usados nos mais diferentes tipos de experimentos tais como: comportamento e aprendizado, testes armamentistas, de colisão, pesquisas dentárias, dissecação, entre outros. Deixarei um link para que possam se informar mais a respeito.

Isso tudo é parte do que nós, humanos, temos feito com os nossos irmãos animais e em nome do que: um batom, um xampu?
Felizmente, em vários lugares do mundo medidas já estão sendo tomadas:
Várias diretrizes da União Européia foram firmadas com o propósito de abolir os testes com animais, dentre eles o terrível DL 50. Trata-se, portanto, de uma tendência mundial, em que a preocupação com o bem-estar dos animais de laboratório provoca discussões éticas no meio acadêmico e científico. Na Europa muitas faculdades de medicina não utilizam mais animais, nem mesmo nas matérias práticas como técnica cirúrgica e cirurgia, oferecendo substitutivos em todos os setores.
Na Inglaterra e Alemanha, a utilização de animais na educação médica foi abolida. Sendo que na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) é contra a lei estudantes de medicina praticarem cirurgia em animais. Note-se que os médicos britânicos são comprovadamente tão competentes quanto quaisquer outros.
A produção de anticorpos monoclonais por meio de animais foi banida na Suíça, Holanda, Alemanha, Inglaterra e Suécia.
Na Itália, entre 2000 e 2001 mais de um terço das universidades abandonaram a utilização de animais para fins didáticos. A Província de Sul de Tirol, Itália, proibiu a experimentação em animais ao longo de seu território.
Nos EUA, mais de 100 faculdades de Medicina (70%) não utilizam animais vivos nas aulas práticas. As principais instituições de ensino da Medicina, como a Harvard, Stanford e Yale julgam os laboratórios com animais vivos desnecessários para o treinamento médico.
A abolição total dos testes em animais depende única e exclusivamente de nós consumidores. Hoje, com as informações disponíveis, podemos escolher entre produtos testados e não testados em animais. Nós devemos pressionar e exigir o fim da utilização de animais pelas empresas que ainda insistem em utilizar esse método retrógrado, ineficiente e cruel. Mas, mais importante ainda, é fazer com que as indústrias saibam do nosso descontentamento com seus métodos de pesquisa. Não adianta parar de usar um produto sem comunicar a empresa sobre as razões que motivaram essa decisão. Como consumidores, devemos exigir que nossas dúvidas sejam devidamente sanadas, uma vez que toda e qualquer empresa tem o dever de nos informar sobre o produto que estão vendendo, desde a matéria prima, fabricação, até os testes.
Temos hoje no mercardo diversas empresas, nacionais e internacionais, que não testam seus produtos em animais oferecendo produtos de qualidade, livres de crueldade. Infelizmente alguns países anda exigem que todo e qualquer produto comercializado em seu território seja previamente testado em animais, como maior exemplo disso temos a China. Empresas que até então mantinham uma postura contra testes acabaram abrindo exceções para poder suprir o mercado chinês, como é o caso da AVON. Em nota, a empresa que sempre defendeu a postura contra testes diz que pra suprir a demanda de alguns países como a China se viu “obrigada” a obedecer aos critérios exigidos nesses países. A maior prova de que nós consumidores temos sim o poder de mudar o que achamos necessário foi o caso recente da L’Óccitane. A empresa foi retirada da lista da PETA de empresas que não testam por suspeita de estarem testando  para suprir o mercado japonês. Nós, consumidores ativistas imediatamente levantamos a bandeira do boicote e a empresa não demorou mais do que 48h para dar o retorno publicamente do que está acontecendo. Eu mesma recebi um e-mail de explicação. É isso que nos queremos: transparência e comprometimento. Já provamos ser possível o uso de outros métodos, já provamos que temos força para obrigar o mercado a mudar sua postura sobre o assunto.
Mudar de hábito nunca é fácil, requer comprometimento, força de vontade... mas saber que você está usando um produto que não envolveu o sofrimento de um ser vivo vale todo o esforço. A parte mais difícil que é investigar já está feita, pronta, mastigada. As listas são frequentemente atualizadas  e em caso de dúvida, nós podemos fazer a nossa parte, questionando as empresas sempre que acharmos necessário. Você não precisa jogar tudo o que tem nos armários fora, mas pode começar a substituir aos poucos o que consome. Em terrritório nacional temos marcas excelentes como Natura, O Boticário, Água de cheiro, Contém 1g, Surya, Embelleze, Impala e tantas outras que não testam os seus produtos. Algumas como a Surya e a Multi Vegetal, além de não testarem seus produtos são totalmente vegans ou seja, não usam nenhum ingrediente de origem animail em suas fórmulas. Eu sou fiel consumidora da Multi Vegetal e posso dizer que os produtos são fantásticos: cruelty free, livre de corantes e derivados de petróleo. Sobre as internacionais, temos Body Shop, Payot... não vou lembrar de todas que conheço, mas claro que deixarei os links para as listas. A Body Shop, que infelizmente não deu certo no Brasil, não só é cruelty free, como faz campanhas em suas lojas contra os testes. Sem falar nas embalagens refil que vc pode retornar pra loja... muito bom! Dá pra fazer a mesma coisa com os produtos de limpeza... existem várias marcas disponíveis no mercado que não testam, como a ATOL , por exemplo. Sem dizer que existem várias receitinhas caseiras, fáceis de fazer e que não agridem o meio ambiente. =)
Se vc chegou até o final desse post eu espero sinceramente que ele tenha sido útil para a sua informação. Nós temos o tal livre arbítrio para fazermos o que bem entendermos, mas sem informação isso não é válido. Agora que você sabe qual é o caminho que aquele seu xampu da L’oreal percorreu até chegar ao seu banheiro, quando ele acabar e você estiver no mercado, talvez você se lembre desse post e de tudo o que você leu aqui e opte por uma outra marca... talvez não... mas estará consciente das suas escolhas e era esse o objetivo!
Deixarei vários links para pesquisa e é claro, estou sempre à disposição para qualquer dúvida, esclarecimento ou ajuda. Lembrem-se: os animais estão aqui para os seus próprios propósitos e não para nos servir e como diria Gandhi: “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.”
Pequenos atos fazem sim a diferença! =)
Go cruelty free!

Link para a lista de empresas cruelty free nacionais:


internacionais: (procurar pelo nome da empresa)







terça-feira, 10 de julho de 2012

Decidi tirar as teias de aranha do blog e voltar a escrever! Isso mesmo! Quase 3 anos sem um único "postzinho", mas aqui estou novamente... =) Muita coisa aconteceu nesse tempo... muitas descobertas, muitas mudanças e é claro, muitas histórias pra contar. Essa que vos escreve tem muitas novidades para contar e acho que tenho assunto garantido pra muuuitos posts! A primeira das novidades é que tenho que mudar esse profile do blog, pois desde Outubro de 2011 já não sou mais gaijin e muito menos estou na terra do sol nascente, mas acho que isso não é mais novidade pra ninguém, não é mesmo? Após um breve pit stop na África do Sul, estou de volta ao Brasil e dessa vez pra ficar! (acho...)
Para a minha surpresa, a readaptação ao Brasil foi quase tão difícil quanto a adaptação ao Japão e devo confessar que sinto muita saudade de lá, mas o fato é que quando estava lá também sentia falta daqui, mas aprendi através dessa e de outras experiências "abroad" que isso é algo que se carrega para sempre. Notei muitas mudanças na minha volta e digo isso em todos os aspectos. O país mudou, minha cidade mudou, meu bairro mudou... mas claro né, triste seria se tudo continuasse o mesmo! O problema é que eu mudei também e com essa mudança fica meio difícil readaptar-me ao que antes me parecia tão normal e sem importância, temo que já não sirva mais para ser "paulistana". Não, não deixei de amar minha cidade mas tenho vivido com ela uma estranha relação... temos tido várias "DRs", quando a coisa fica feia a ameaço, digo que está tudo acabado entre nós, que vou embora e que não quero tornar a vê-la, mas depois fico pensando em como de fato seria se o fizesse e como uma boa "mulher de malandro" acabo perdoando-a mais uma vez, dando-lhe uma nova chance para ver se dessa vez o namoro "engata", mas sinceramente acho que essa nossa relação está realmente fadada ao fracasso e que é somente uma questão de tempo para que tudo vá por água abaixo de vez. Penso que seremos sempre especiais uma para a outra mas que o nosso amor já não é mais suficiente para segurar a barra das nossas diferenças.
O paulistano em busca de diversão e lazer no seu tão esperado final de semana tem que ser um sujeito determinado... paciência de um monge tibetano e a determinação de um guerreiro, porque de fato, preparar-se para um pouco de diversão em SP requer estratégia, como em uma guerra. Você tem que estar preparado para trânsito, filas intermináveis, preços abusivos e lugares cheios, mas cheios de verdade, quase no nível 25 de março às vésperas do natal.
Você decide por um programa normal, teoricamente simples como ir ao cinema e jantar fora. Segundo dados do IBGE, em 2011 a população de SP estava em 10.886.518 habitantes só no município. Acho que isso já explica muita coisa sobre os 50 minutos que perdemos hoje no trajeto Center Norte - Shopping D (2,4 km - sim, eu fiz questão de procurar no google maps!).
Agora em SP todos os estacionamentos de shopping são pagos, aqui na zona norte paga-se em torno de R$ 5,00 de 0-4 horas, ou seja, se foi lá comprar alguma coisa rapidão e gastou 30 minutinhos, nós, paulistanos otários pagamos R$ 5,00, o mesmo que o fulano que foi lá e gastou as 4h. Mas o que são os R$ 5.00 do estacionamento comparados ao roubo de uma entrada de cinema ou mesmo de um combo pipoca + refri... um verdadeiro assalto! Tente então almoçar ou jantar no shopping em um fds... tarefa digna de "Missão Impossível"!
Mas como nem só de shopping vive um paulistano, você pode optar por muitas outras coisas... que tal ir a um barzinho com os amigos? Bom, em tempos de lei seca (e que fique claro aqui que não sou contra a tal lei) ou você bebe e vai na fé de não ser pego ou fica no suquinho mesmo... ahhh o suquinho... alguém poderia me explicar como alguém tem a cara de pau de cobrar R$ 6,00 em um copo de suco de laranja??? Porra, trata-se de laranja, água e açúcar!!! Com R$ 6,00 eu compro um saco de laranja!!! Eu sou completamente revoltada com o preço dos sucos, principalmente em um país como o nosso, tão rico na diversidade de frutas. Estacionar também é problema, porque ou você sucumbe a era Vallet que vai te cobrar os olhos da cara para estacionar o seu carro na rua ou você mesmo faz isso, caso tenha a sorte de encontrar um lugar, e aí paga os olhos da cara para o flanelinha tomar conta do seu carro, coisa que ele não vai fazer... você sabe disso, ele sabe disso, mas você vai pagar porque tem medo do que possa acontecer ao seu carro caso você se recuse a fazê-lo. Só lembrando: 1- Você paga seus impostos à prefeitura. 2- A rua não é do flanelinha, embora ele pense o contrário. 3- A rua é pública. 4- Odeio flanelinhas!
Ahhh, desistiu o barzinho? Então te convido a tomar um cafezinho comigo, que tal? Uma misera xícara de café, com menos de 30ml dificilmente sai por menos de R$ 5,00. Questão de duas semanas Edgar e eu fomos a uma dessas padarias modernas, que são um misto de cafeteria, empório e casa de pães... resumo da ópera: duas saladas de frutas e dois cafés gourmet = R$ 50,00. O serviço também está cada dia melhor! É incrível a boa vontade com a qual as pessoas trabalham... deve estar sobrando muito emprego por aí, só pode! Aliás é uma coisa que tenho notado muito, a falta de educação das pessoas em geral e como todo mundo adora justificá-la com o stress... desculpa, mas não tem nada a ver com stress, é só falta de educação mesmo, pura e descarada!
Eu nem vou entrar nos méritos de shows, teatro, concertos porque aí o assunto fica ainda mais sério, basta dizer que essa semana fui ao um show e paguei R$ 10,00 em uma lata de guaraná.
Resumindo: divertir-se em SP não é nem um pouco divertido! Gasta-se muito em tempo para chegar aos lugares, os preços são exorbitantes, muito além do que sabemos que se paga por aí e muito além do que realmente valem, totalmente fora da realidade da maioria de nós meros mortais. E não pense que para por aí... os problemas vão muito além, mas fica pra um outro post.
Comemoremos então a volta do Mundo da Lua, em casa, sem filas, sem flanelinhas, com uma latinha de cerveja comprada no mercado ou com um cafezinho passado na hora, na doce resignação da nossa condição (ou da falta dela).

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Hachiko

Sexta-feira, dia de folga, sobrou mês no fim do salário, então o jeito é ficar em casa e arrumar alguma coisa pra fazer por aqui mesmo. Daqui a pouco vou assistir aos capítulos finais de uma minissérie japonesa a qual estou assistindo chamada Haru & Natsu - As cartas que nunca chegaram. O tema é a emigração japonesa para o Brasil e foi produzida em 2005 em comemoração aos 80 anos da primeira transmissão da rede estatal japonesa NHK para o Brasil, mas depois falamos sobre isso, porque é um assunto que realmente vale a pena discutir a respeito e quero terminar de assistir para então entrar nos devidos méritos...
Bom, mas estou aqui para falar de outro filme que assisti uns dias atrás... Hachiko Monogatari. Recentemente foi lançado um remake com produção americana, com o ator Richard Gere no elenco. Esse remake leva o nome Hachi - A Dog´s Story, não sei se no Brasil chegou a ser lançado nos cinemas, mas aqui no Japão ele acabou de chegar, eu particularmente ainda não assisti mas duvido que seja melhor do que o original japonês, afinal a história é japonesa. Sobre o Hachiko Monogatari, eu o recomendo e dou a minha dica: lenços, muitos lenços, acredite... vc vai precisar! Não é preciso dizer que essa que vos escreve usou vááários... pois é, antes mesmo de assisti-lo, eu já estava chorando no trailer... lamentável, mas enfim, essa sou eu, paciência né!
Para quem não conhece a história, Hachi era um cão da raça akita, nascido em 10 de novembro de 1923, em Odate, prefeitura de Akita e virou uma lenda no Japão devido a sua inabalável fidelidade ao seu dono, o renomado Professor Ueno, do departamento de agricultura da então Universidade Imperial de Tóquio. O professor Ueno já havia tido um outro Akita e quando esse morreu, devido ao sofrimento de toda a família, decidiu que não queria mais cachorros. Tempos depois, um amigo fica sabendo de uma ninhada de Akitas puros que acabara de nascer e resolve presentear o professor com um filhote. A princípio o professor exita, mas sua filha o convence dizendo que iria cuidar do cachorro, o que não acontece. Pouco tempo depois da chegada de Hachi, a filha de Ueno fica grávida e se casa às pressas, mudando-se para uma outra cidade e deixando Hachi aos cuidados dos pais. A pedido da esposa, o professor Ueno pensa em dar Hachi a uma outra pessoa, mas logo acaba desistindo começando aí a história que mudaria a vida de ambos e que ficou imortalizada nesse país e no coração de todos que aqui chegam e a conhecem. Todos os dias, pela manhã, Hachi acompanhava o Professor até a estação de Shibuya e à tarde, sempre no mesmo horário, voltava até a mesma estação para esperar pela chegada do dono. Com o tempo, esse "ritual" de Hachi começou a chamar a atenção de todos da região que admiravam a lealdade do akita e ficavam impressionados em como ele poderia saber o horário exato em que deveria buscá-lo. E assim foi durante meses, com sol, com chuva, com neve, lá estava Hachi. Em 21 de maio de 1925 Hachi, como sempre acompanha o seu dono até a estação e volta à tarde para buscá-lo, mas dessa vez o professor não chegaria, vítima de um derrame fatal. Naquele dia, Hachi o esperou até de madrugada. Algum tempo depois, a esposa de Ueno vende a casa e vai embora morar com parentes, deixando Hachi para trás, aos cuidados de outras pessoas. Passado de um para o outro, em pouco tempo Hachi passa a morar na rua, sendo alimentado por aqueles que conheciam a sua história. Mas você deve estar se perguntando: o que faz desse cachorro uma paixão nacional e o símbolo maior do amor incondicional de um animal por um ser humano? A sua resposta é simples e incontestável: Hachi continuou a esperar pelo seu dono na estação de trem por 10 anos!! Sim, 10 anos, não digitei errado... 10 longos anos!
Por 10 anos, todo santo dia Hachi foi à estação de Shibuya esperar por seu dono e no dia 8 de março de 1935 a espera de Hachi terminou... ele foi encontrado morto, aos 11 anos e 4 meses, na mesma estação onde passou toda a sua vida a espera do seu amigo.
Em abril de 1934, foi erguida na mesma estação, uma estátua de bronze em sua homenagem. Durante a segunda guerra, assim como todas as demais estátuas, a de hachiko foi confiscada e derretida para aplicação em material bélico, mas em 1948 foi organizada uma entidade em prol da sua recriação e o filho do escultor da estátua original foi convidado para dar vida novamente ao querido Hachiko. A estátua permanece na estação de Shibuya, a qual possui 5 saídas, sendo uma com o seu nome e até hoje e é um dos principais pontos de encontro da região. Em 1988, uma réplica da estátua também foi colocada na estação de Odate, cidade natal de Hachi.
Em Shibuya, pode-se ainda ver diversos ônibus com caricaturas de Hachi e anualmente, no dia 8 de abril é feita uma cerimônia solene, na própria estação, em memória a esse símbolo maior de amor incondicional e lealdade. Hachi foi empalhado e quem quiser conferir pode vê-lo no Museu de Artes de Tóquio.
Sem dúvida, é uma história emocionante que merece jamais ser esquecida!
Difícil mesmo é conseguir tirar uma foto ao lado da estátua, é algo disputadíssimo!
Eu ainda não tenho a minha, mas assim que conseguir a colocarei aqui... enquanto isso, vou deixar uma foto da estátua e uma do próprio Hachi.
Para os amigos que estão aqui no Japão eu deixo uma mensagem em especial:
A nossa rotina de trabalho por aqui é realmente muito árdua, nos consome muito tempo nos impedindo por vezes de conhecer melhor essa cultura tão diferente e tão rica. A falta de entendimento do idioma também é um fator que pesa muito nesse processo de interação, eu sei disso pois trabalho 12 horas por dia, folgo durante a semana e isso acaba me impedindo de participar dos festivais que são sempre nos finais de semana, da mesma forma o cansaço me impede de estudar mais, para aprender a falar o mínimo para uma boa conversa... mas não podemos permitir que essas dificuldades nos impeçam de aprender, de pesquisar, de viver tudo isso que está a nossa volta. Não façam como muitos outros que só levam daqui a lembrança das duras horas de trabalho e de eventuais preconceitos sofridos. Morar fora é sempre uma experiência única e tirar proveito dela depende exclusivamente de você! O Japão não se resume à Disney... visite os parques, os museus, os bairros históricos, os festivais, os templos... "sugue" dessa cultura tudo o que puder, tudo o que conseguir... o dinheiro é importante sim, foi atrás dele que viemos aqui, mas se tem uma coisa que a vida me ensinou é que dinheiro ora se tem, ora não mais... cultura, conhecimento, isso nunca ninguém irá tirar de você e nunca é demais!
Sore de ganbatte kudasai!

Hachiko - foto de 1932 / Estátua na estação de Shibuya - Tóquio

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Acho que quase todo mundo já assistiu "Cidade dos anjos", com o Nicolas Cage e a Meg Ryan. Eu perdi a conta de quantas vezes assisti esse filme... mas o motivo de estar tocando nesse assunto é que logo no comecinho do filme tem uma cena muito legal... a menininha acaba de morrer e o anjo Seth (Nicolas Cage) vai buscá-la. Seth todas as vezes em que vai ao encontro de uma alma tem o costume de perguntar-lhe do que mais gostava na terra e quando faz essa pergunta à menininha ela sem pensar responde: de pijamas!!
Eu tb adoro pijamas, mas se algum dia um anjo for me buscar (e se for o Nicolas Cage não será nada mal...) e me fizer a mesma pergunta, sem pensar eu responderei: o nascer do sol no Japão! Eu sempre valorizei muito essas coisas, sempre gostei de olhar o céu estrelado, o nascer e o pôr do sol, a mudança das luas... ainda no Brasil, sempre que podíamos, Edgar e eu assistíamos ao pôr-do-sol, da varanda do quarto da minha sogra. Mas chegando aqui eu encontrei algo muito diferente de tudo o que eu já tinha visto antes e acredito que não exista um nascer do sol tão bonito quanto o daqui em nenhum outro lugar do mundo. Não é a toa que Japão significa justamente isso, a terra do sol nascente, pois o nascer do sol aqui é o mais poético, o mais sublime e é justamente atrás dessa vista que todos os anos milhares de pessoas se aventuram escalando o Monte Fuji no verão, para lá de cima poder ver o sol nascer acima das nuvens, quase do lado de Deus. Em época de bom tempo, quando o meu intervalo na fábrica fica por volta das 4h, 4:30h da manhã, eu posso ver esse espetáculo da janela do refeitório, e não importa quantas vezes eu o veja, a cada novo dia é uma emoção diferente, um arrepio e uma imensa alegria. Um dia eu ainda consigo uma foto para colocar aqui.
Vou deixar aqui hoje dois vídeos bem legais... um é uma animação de uma série chamada "Simon´s Cat", vou deixar o site ali nos "links legais", lá tem outros vídeos dessa série que é bem divertida, e tenho certeza de que todos aqueles que têm gatos vão se identificar nas situações. O outro vídeo é de uma música m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a, chamada Suo Gan e nesse vídeo é interpretada por um coral de meninos do King´s College. Essa música faz parte da trilha sonora de um filme de 1987, sobre a segunda guerra , do diretor Steven Spielberg, chamado Empire of the Sun, se você ainda não viu, vale a pena, aliás, esse filme trás o ator Christian Bale ainda criança e tem ainda no elenco nada mais do que John Malkovich.




P.S: Depois de 2,000 tentativas fracassadas de colocar o outro vídeo, vou deixar o link dele no youtube...
Suo Gan: http://www.youtube.com/watch?v=UM9uyA0wVIA

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Fala que eu te escuto! ( e nem é o tal programa evangélico! )

Porque as pessoas não ouvem mais? Já reparou que as pessoas estão sempre muito ansiosas pela oportunidade de falar? Na primeira oportunidade falam, falam, sobre tudo e quase que num único fôlego. Falam sobre os problemas do trabalho e aí já emendam no que tem acontecido em casa, nas desavenças em família, dos problemas conjugais, dos filhos que já não obedecem mais, do pai e da mãe que pegam no pé e não deixam fazer nada e nesse mesmo fôlego ainda sobra espaço para falar dos planos, das esperanças, da viagem do final de semana...
Só que aí quando finalmente você já ouviu tudo o que tinha pra ouvir, passiva ou ativamente, já deu todas as usas opiniões e até mesmo aqueles conselhos que estavam lá no fundo do baú, quando chega então a sua vez, se a pessoa ainda lhe conceder o favor da presença para te ouvir, provavelmente se você ao final da conversa perguntar: “O que você acha disso tudo?”, ou vai causar uma saia justa ao seu “ouvinte” (antes o fosse) ou então vai ouvir um: “Ah, é assim mesmo, tente pensar bem e fazer o que achar melhor”, uma vez que esse tipo de frase serve para várias situações. Tem também aquele ouvinte que enquanto você está falando fica olhando para todos os lados, corta o seu assunto do nada e começa a falar sobre outra coisa ou então simplesmente não presta a atenção em nada descaradamente mesmo.
Definitivamente, hoje em dia, são poucos os que ainda sabem ouvir. Cada um tem o seu próprio mundo e se fecha nele como se os seus problemas sempre fossem os mais importantes e os piores, como se as suas necessidades fossem as mais urgentes e suas angústias as piores. Só ele precisa ser ouvido. Só ele precisa de conselhos.
Isso me faz pensar: será que as pessoas fazem isso num ato de absoluto egoísmo e de forma totalmente consciente ou chegamos num ponto onde ninguém consegue enxergar além de si mesmo, não percebendo, dessa forma, o que estão fazendo ou melhor, o que não fazem.
Há ainda aqueles que nunca falam sobre suas vidas, nunca se expõem e por sua vez como nunca “alugam uma orelha” acham que não tem obrigação alguma de ouvir os outros, algo como: se eu não te encho com os meus problemas, por favor faça o mesmo por mim.”
Sim, definitivamente as pessoas se tornaram mais intolerantes, mais impacientes, mais egoístas e não estou tão certa se isso se deve ao novo estilo de vida que levamos hoje em dia. É como se o homem estivesse perdendo as suas características humanas, aos poucos está se tornando uma máquina. Talvez a solução para os “carentes” de um ouvido amigo esteja em contratar um. Vamos todos fazer psicanálise, terapia, pelo menos vamos ter a certeza de que alguém está realmente nos ouvindo. Se o problema for dinheiro, afinal terapia não é um serviço tão barato, podemos tentar um amigo cão, um amigo gato ou até um amigo beta! Imagine só, você com a cabeça quente com os problemas do escritório, chegando em casa, lá vem o Rex todo feliz em te ver, você então o pega, senta no sofá e desabafa! Pode ser uma opção e com a vantagem de que ele não vai mudar de assunto no meio da conversa e nem vai dar um conselho previamente decorado para essas situações, se ele o fizer, aí sim você estará com um problema sério e deverá procurar a ajuda de um profissional.
A verdade é que a cada dia que passa o ser humano está mais só, por mais amigos que se tenha. De repente você faz planos, se entusiasma com um novo projeto, com uma nova atividade, com um novo relacionamento e geralmente antes das coisas realmente acontecerem a gente quer falar pra alguém em quem confiamos, aquela coisa de não vou contar pra qualquer um porque vai que não dá certo, mas ao mesmo tempo você quer falar sobre isso tudo e geralmente, nesses momentos da vida, quem está disponível para “orelha” é justamente aquela pessoa pra quem você não queria contar nada.
Claro que existem mil maneiras de desabafar, sem necessariamente ter alguém pra te ouvir. Você pode contar tudo pro cachorro, pra samambaia, pode falar na frente do espelho, pode escrever no seu diário, pode postar no seu blog, pode escrever anonimamente numa comunidade qualquer de um site de relacionamentos, pode conversar com Deus... pode ainda condensar tudo e transformar em uma poesia ou em uma canção, mas a verdade é que em nenhuma dessas possibilidades você vai ouvir um: "Puxa, que legal, estarei torcendo por você!” ou então um: “Que chato, mas pode contar comigo para o que precisar!”, isso com certeza será sempre insubstituível.

Então queridos amigos, o que eu os desejo hoje, é que para todos os momentos da vida, sejam eles felizes ou não, vocês possam ter boas “orelhas” para que te escutem e que vocês também possam, por muitas vezes, ser as “orelhas” de alguém e que quando a forem, que façam isso com prazer, com amor e respeito. Quanto a mim, continuarei sendo a orelha de todos, enquanto vida eu tiver e com muito prazer, sempre.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Fala sério!!!




Há alguns dias venho me perguntando algo, inclusive cheguei a comentar com uma amiga: “Será que nós brasileiros, somos os únicos no mundo que estudam história e geografia?
Me lembro que na época da escola eu adorava as aulas de geografia e detestava as de história, na verdade a única coisa em história que realmente me interessava era o estudo das civilizações da antiga Grécia e sua mitologia, todo o resto funcionava como um grande sonífero pra mim. Já as aulas de geografia me interessavam muito, sem dizer que a professora era uma figura, toda vez que a encontrávamos pelos corredores da escola ela estava a cantarolar um trecho de algum hino. Me lembro de caprichar na confecção das dezenas de mapas que fazíamos periodicamente e sempre tirava boas notas, já em história... bem, melhor pular essa parte. A questão é: se nós brasileiros, cidadãos cuja pátria só há pouco tempo passou a ser notada pelo restante do mundo e considerada como “emergente”, estudamos a história e a geografia de diversos países no mundo e nem que seja de uma maneira geral, conseguimos ter uma visão panorâmica do mapa-mundi, sabendo pelo menos discernir quem pertence a qual continente, porque ainda existe gente nesse mundo tão globalizado, cidadãos do dito mundo civilizado, desenvolvido ou como se dizia até pouco tempo atrás, “primeiro mundo”, achando que a maldita capital do Brasil é Buenos Aires?!?!?!
A verdade é que o nosso país não é muito conhecido no que vai além de futebol e carnaval e sinceramente, não há nada de errado nisso, é normal que a gente acabe sabendo somente aquilo o que chama mais a atenção no que diz respeito a um país. Todo mundo sabe que a Itália é o país das massas, que a França é a terra da Torre Eiffel, que o Japão é a terra do sushi e do sashimi, mas poucas pessoas realmente conhecem a cultura desses países, suas particularidades, dessa mesma forma, nós brasileiros somos o povo da terra do futebol e das belas mulatas... entretanto, existe algo de longe muito pior do que o anonimato e se chama “idéia equivocada”. Criou-se por aí uma idéia muito estranha de como seria o Brasil. Quem lembra da Copa de 94?? ... o ano do tetra! Exatamente no mês dos jogos eu estava na Inglaterra e o Brasil estava na boca de todos. Na cidade onde eu estava estudando as ruas foram enfeitadas com as bandeiras dos países europeus que estavam na disputa e me lembro de que os outros estudantes sempre me pediam pra mostrar qual entre aquelas, seria a nossa bandeira, mais que isso, um dia um vizinho inglês me aparece com um mapa da Europa pra que eu pudesse mostrar a ele onde ficava o Brasil:
“Mas o Brasil não fica na Europa!!!”
“Não?!?! ...onde fica então??”
“Na América do Sul, oras!”
“América do Sul? Onde é isso??”
...pois é, lamentável. Eu nunca fui à Eslovênia, mas pelo menos sei onde fica, mas voltando ao assunto...
Conheci várias pessoas que achavam que o nosso idioma seria o espanhol e com isso não fica muito difícil entender o porque alguns achavam ser Buenos Aires a nossa capital. Mas isso ainda não é o mais estapafúrdio. Nesse mesmo período, um dia a minha “host mother” veio me perguntar algumas coisas, do tipo como era a cidade onde eu morava, como eram as comidas, as pessoas, enfim, eu tinha levado alguns cartões postais de São Paulo, naquela época nós não tínhamos a facilidade da internet para tais explicações e antes que eu os encontrasse para mostrar ela me pergunta: “Mas no Brasil existem prédios?”
“Claro!!”
“Mas prédios altos, como em Londres?”
Quando mostrei os postais de São Paulo, a mulher ficou literalmente “passada”, em uma outra oportunidade ela comentou que achava que o Brasil fosse diferente, digamos, não tão urbano. A verdade é que existem muitas pessoas que acham que o nosso país é uma grande floresta, que não temos carros, ônibus, metrô ou mesmo trem, nosso meio de transporte oficial é a jangada, a canoinha de índio. Outra coisa importante, a imagem da mulher brasileira por aí também não é uma das melhores. O ser humano de uma maneira geral adora julgar e generalizar as coisas, então, se mora na favela é bandido, se é árabe é pão duro, se é latino é feio e ignorante e se é mulher e brasileira, aí pode ter certeza de que é puta! Tudo bem que onde há fumaça há fogo, os esteriótipos sempre surgem a partir de algo verídico, mas aí entra a questão da generalização. Sabemos que o nosso país é um grande “exportador” de mulheres que vão para a Europa principalmente para trabalhar em boates, casas de prostituição e isso já foi o suficiente para a maldita associação: se é brasileira... uma das primeiras coisas que me alertaram foi que quando pegasse um táxi a noite, principalmente se estivesse voltando da balada, se o taxista percebesse que eu era estrangeira e perguntasse de onde eu era, que não respondesse que era brasileira, porque ele poderia interpretar mal e já havia acontecido casos do taxista tentar alguma coisa pensando que a menina fosse prostituta. Sendo assim, no começo me passei por várias coisas, quando o taxista me perguntava eu lançava um: “Ah, o que você acha?” e o que ele lançasse era o que ia. No mais, depois de algum tempo ninguém percebe que você é estrangeiro e as saias justas acabam diminuindo. Isso, é claro, se tratando de Europa, aqui no Japão a coisa é diferente, principalmente no meu caso que não tenho ascendência alguma, não tem como não ser notada, não tem como se passar por japonesa! E claro que aqui não seria diferente do resto do mundo.
O japonês tem uma boa fé nas pessoas como eu nunca vi em nenhum outro lugar do mundo. As lojas colocam suas banquinhas de oferta na calçada, o Mc Donald´s deixa aqueles brindes que acompanham os lanches infantis, em cestinhas, do lado de fora do balcão para que as próprias crianças possam ir lá e escolher..., as pessoas “estacionam” as suas bicicletas e deixam as bolsas e compras nas cestinhas, sem a menor preocupação, eu mesma adotei esse hábito. O problema é que os brasileiros (não vou citar outros grupos de estrangeiros, porque no que diz respeito a crimes, nós brasileiros lideramos o ranking) se aproveitam “dessa facilidade” e roubam sem pensar duas vezes, resultado: mais uma vez vem a generalização – se é brasileiro, é ladrão. Minha sogra conta que há anos atrás quando ela veio pra cá, quando entrava um brasileiro em um supermercado eles anunciavam no alto falante para que as pessoas dentro da loja tomassem cuidado porque ali tinha acabado de entrar um brasileiro, com certeza uma situação constrangedora ao extremo. Hoje em dia desconheço se ainda existe algum lugar que faça esse tipo de coisa, o número de estrangeiros no país aumentou bastante, mas mesmo assim ainda não somos tratados como cidadãos normais, existem, por exemplo, imobiliárias que não alugam imóveis para estrangeiros, e nesses tempos de crise não importa se o funcionário estrangeiro tem 10 anos de fábrica e trabalha muito melhor do que o japonês que está ali há pouco tempo, na hora dos cortes, os primeiros a perder o emprego são os brasileiros, por isso tem acontecido tantas passeatas organizadas por brasileiros em várias regiões aqui do Japão; a luta em questão é por direitos iguais, afinal, trabalhamos, pagamos nossas contas, nossos impostos, como qualquer cidadão japonês, contribuímos para essa economia trabalhando em serviços que os japoneses não querem trabalhar, pode estar certo de que onde há um serviço pesado, sujo ou insalubre, há um estrangeiro, há um brasileiro, então o porque da diferença?
Mas o assunto nem era esse e pra variar eu já perdi o foco hauhauahua ...voltando à floresta...
Vamos voltar ao post do jantar, eu falei que esse jantar ainda ia render... hauhauhaua
No dia do famigerado jantar, a minha professora comentou que teve um aluno brasileiro que morava em Manaus. Ele contou a ela que lá é muito quente e que por isso eles não usavam nem, bermuda nem camiseta, que para se cobrir só usavam duas folhas, uma na frente e outra atrás e que como lá não havia carros ou coisa do tipo, que todos se locomoviam usando pequenos barcos. Ela me contou que ficou chocada e pensando como seria estranho andar num lugar onde as pessoas só usavam folhas para se cobrir. Ele só desmentiu essa história algum tempo depois. E as absurdas idéias equivocadas não pararam por aí. A “japonesinha” (lembram dela?) logo na entrada do restaurante me lança essa: “Porque no Brasil todos os homens fumam?”
O que me irrita nesse tipo de situação é a segurança, a certeza da razão, a propriedade como certas pessoas colocam fatos que elas mesmas desconhecem. E continuou, agora se dirigindo à minha professora: “No Brasil todo homem fuma, mas as mulheres não, no Brasil as mulheres não fumam!”
“De onde você tirou isso? Nem todos os homens fumam, e é claro que existem mulheres fumantes no Brasil, como em qualquer outro lugar do mundo!”
“Ahhh não, não tem não! No Brasil não tem mulher que fuma, eu não vi nenhuma!”
... Agora pensa comigo, que tipo de afirmação é essa? Definitivamente eu não tenho paciência pra esse tipo de discussão, mas enfim:
“Eu sou ex-fumante” ... e logo tratei de mudar de assunto porque já estava começando a ficar irritada.
Segunda bomba da noite:
Não sei de onde surgiu o assunto, mas aí lá vem a japonesinha com essa:
“... no Brasil não tem táxi! É impressionante, você procura, procura, mas não tem nenhum táxi por lá!”
Nesse momento a minha professora vira-se pra mim a procura da confirmação de tal informação, acho que causaria estranheza a qualquer pessoa ouvir que em um país não existe um táxi sequer...
“Me diz uma coisa, em que cidade você morou no período em que esteve no Brasil?”
Ela me respondeu, mas eu não me lembro o nome da cidade, mas se trata do interior do interior, aí deu-se a minha chance:
“Também, olha onde você morou! Você sai daqui, vai até o Brasil, ao invés de sair pra conhecer São Paulo, o Rio de Janeiro, as praias do nordeste, você se enfia num fim de mundo qualquer e ainda quer encontrar táxi por lá?” hauhauahuahua ... como diz uma amiga, eu sou sádica! Hauhauhauahua Mas diga se você também não se irritaria numa situação dessa? Não, mas também não pense coisas, eu falei isso com sutileza, aquele leve sorriso no rosto e ainda disse que quando eu voltar pro Brasil, faço questão que ela vá passar umas férias lá que eu a levarei pra conhecer uns lugares...
Claro que noite a fora houveram tantas outras pérolas do gênero e eu tentei explicar que é muito difícil traçar um perfil comportamental do brasileiro, porque o nosso país é extremamente multicultural, cada região do país tem as suas particularidades, suas crenças, seu jeito de falar, de vestir, sua comida, seu tempero, seu clima, como se fossem vários países dentro de um só, não sei se ela entendeu, da mesma forma que eu não entendo muita coisa que vejo por aqui, mas é por isso que interagir é tão importante, certo?